Voltamos!

A Equipe Aláfia está de volta e em breve teremos muitas novidades! MUITOS PROJETOS NO FORNO!!!

terça-feira, 30 de março de 2010

Censo 2010.

Segundo o último censo do Instituto Brasileiro de geografia e Estatística (IBGE, apenas 0,3% da população geral do país se declaram prticantes de religiões de matrizes africanas, um número muito baixo, visto o grande número de pessoas que frequentam os terreiros, participam de caminhadas contra intolerância religiosa, oferendas nas praias em final de ano dentre inúmeras outras peculiaridades que nos fazem duvidar deste número.

Nada mais nada menos, este número reflete o temor da discriminação, a vergonha por praticar uma religião que é taxada como primitiva ou coisa de "ignorantes" entre outros elementos que faz com que milhares de pessoas não assumam sua religiosidade em público, não se orgulhem de sua prática de fé, a fé nos orixás!

Portanto, devemos nos orgulhar de nossa religiosidade e mostrar o que muitos teimam em não querer enxergar, que vivemos em um país livre, com uma diversidade generosa e que cada cidadão, assim como tem seus deveres, possui seus direito e um deles é preticar sua religião sem vergonha e seguro.

Esta campanha possibilitará uma alteração substancial nos números do Censo e, ao mesmo tempo, dará elementos para que novas políticas públicas sejam criadas especificamente para o povo-de-santo, uma vez que, havendo uma real impressão sobre a totalidade de praticantes no país, se terão elementos à mão para formular e aplicar estas novas políticas. Será um passo importante também para o combate à intolerância religiosa uma vez que ao assumir sua religiosidade, seu praticante, tendo sua auto-estima elevada, adotará cada vez mais os elementos visíveis desta afirmação de identidade e, ao mesmo tempo constrangerá aqueles que fazem da intolerância ou do desrespeito religioso uma ação cotidiana.

Então, vamos lutar, vamos mostrar nossa cara, nossa força, no Censo diga que é de Axé!

quarta-feira, 24 de março de 2010

Logun Ede lava roupas?

Um questionamento muito interessante, que esses dias estavamos debatendo e achamos válido trazer para o blog nossa opnião!

Bem sabemos que a religião é repleta de detalhes e, em se tratando da dança sagrada dos orixás, que representam suas histórias e lendas, esses detalhes tornam-se cada vez mais fascinantes e distantes de um senso comum.

Logun, diferente do que alguns pensam, não é seis meses homem e seis meses mulher ele é um príncipe, um guerreiro e acima de tudo, um grande caçador e feiticeiro.
Em algumas lendas, vamos ver que ele se disfarçou de mulher para conhecer e aprender o segredo das grandes mães, o que nada tem a ver com homossexualidade!

Pois bem, muitos se perguntam se Logun lava roupas em um de seus atos, onde ele se abaixa e esfrega as mãos.
Não, Logun não está lavando roupas, na verdade, Logun está quinando suas ervas, como grande conhecedor da magia, preparando seu feitiço!

Respeitamos quem acha que ele está lavando as vestes de sua mãe Osun, no entanto, entendemos que está não seria tarefa de um príncipe feiticeiro!

Longe de nossa intenção está a finalidade de fomentar uma discussão sobre o assunto, até porque a dança de nossos ancestrais não deve ser discutida e sim admirada então se em sua casa ele lava roupas, admire-o e tenha fé, se em sua casa ele vira cambalhota admire-o e tenha fé do mesmo jeito!

Asé!
Equipe Aláfia!

segunda-feira, 15 de março de 2010

Quem é meu orixá?

Recebemos um e-mail de uma visitante do Portal Aláfia, que pediu para não ser identificada, então respeitamos seu pedido, com uma pergunta que prontamente gostariamos de esclarecer, deixando claro que as opniões aqui expostam refletem opniões da Equipe Aláfia.

Segue um fragmento do e-mail:
"...conheço e cultuo a religião a pouco tempo. Gostaria de saber, tenho uma amiga a qual ninguém consegue identificar qual é sua Ya ori, alguns dizem ser Yemanjá, outros Oxum, já lhe deram Oyá, e Nanã, no entanto em seu coração ela ainda tem muitas dúvidas, inclusive já procurou até jogo de cartas para ver se chega a uma conclusaõ, como não gosta de compartilhar essas dúvidas, pergunto por ela:
Como ela pode ter certeza do orixá que rege sua cabeça?
Segundo minha amiga, ela teve uma visão, em que uma Yabá aparecia para ela e lhe dizia que seu fundamento não tinha nada com o mar...
Poderiam esclarecer por favor, na medida do possível?
obrigado, e AXÉ. "


Bem, de início gostariamos de salientar que em se tratando de candomblé, encontramos como meio de comunicação com o mundo espiritual, ou seja, com os orixás, o jogo de búzios, logo, buscar um jogo de cartas, que nos remete as práticas ciganas, para buscar saber sobre orixás, somente irá confundi-la ainda mais.

Em alguns casos, ao se consultar o jogo de búzios, o orixá pode não se apresentar de maneira clara para o zelador, o ori daquele filho pode estar sendo regido, mesmo que momentaneamente por outras energias ou até mesmo outros orixás que podem dificultar esta visualização, vamos assim dizer. Para um melhor entendimento, vamos dar um simples exemplo:
Se uma pessoa, filha de Oya, está passando por problemas na vida e deseja muito justiça, ligando-se desta maneira a Xango, pedindo a ele caminhos de vitória, este orixá por estar muito proxímo poderá facilmente ser detectado na caida dos búzios, então, um zelador, mal preparado, pode identifica-lo como sendo regente daquele ori, a partir dai, muitas vezes começa a confusão de que vc menciona o caso de sua amiga!

Bom, se realmente existe a necessidade de descobrir o orixá que a rege, aconselhamos que de início ela escolha uma casa séria, onde a postura do zelador ou zeladora seja ética, muitas vezes o próprio orixá não se permite ser visto, a paciência é uma virtude!
Outro conselho, seria um simples recolhimento de um dia para um obi, para que após este procedimento seja aberto novamente o jogo a fim de que o orixá seja então observado, visto que o simples oferecimento do obi a cabeça é uma maneira de se perguntar o orixá que a rege, já que também faz-se o jogo com ele.

De mais, pode existir um motivo para que o orixá não se apresente de pronto, pergunte-a sobre a real necessidade do questionamento, uma simples curiosidade ou um sentimento real e verdadeiro além da simples curiosidade que ronda o divino e o sagrado?

Orixá não nos fala apenas através dos búzios ele nos fala no raiar do sol, no perfume das flores, na força do vento e acima de tudo dentro do coração!

Asé sempre!

quarta-feira, 10 de março de 2010

Oxum um patrimônio cultural!

DIA DE OXUM É PATRIMÔNIO IMATERIAL DO ESTADO DO RIO

Agora é lei:
O Dia de Oxum agora é considerado patrimônio imaterial do Estado do Rio de Janeiro.
A determinação é da Lei 5.650/10, sancionada pelo governador Sérgio Cabral e publicada no Diário Oficial do Poder Executivo da última sexta-feira (05/03).

A data, comemorada anualmente no dia 8 de dezembro, reverencia a figura de um importante orixá dos cultos afro-brasileiros conhecida como Oxum, que rege a fecundidade e a maternidade, orixá do ouro e da riqueza, da beleza e do amor!

De autoria do deputado Átila Nunes (DEM), a nova norma determina que os festejos deverão ser programados e realizados pelas secretarias de Turismo e Ciência e Cultura e incluídos no calendário oficial e turístico do estado.

“A finalidade principal desta lei é reconhecer, oficialmente, essa
manifestação religiosa realizada há mais de 200 anos em nossa cidade, trazida
pelos afro-descendentes que aqui chegaram como escravos, trazendo suas tradições
e cultura. É um patrimônio vivo, dinâmico e um bem cultural intangível do povo
fluminense”, destacou o parlamentar.

E assim, o povo do santo vem ganhando seu espaço!
Parabéns ao Deputado Átila Nunes e ao Governador Sergio Cabral!

segunda-feira, 8 de março de 2010

Borí

Bom, muitas dúvidas ainda se mostram quando o assunto é borí, então vamos falar um pouco sobre este ritual, que, ao meu ver, não tem relação direta com o orisá da pessoa e sim com Ori e não cria vínculo iniciatório, independe de a pessoa ser feita ou não.

A palavra bori designa o ato de dar comida a cabeça através de um procedimento ritual.
Um bori alimenta a cabeça, concebida como algo distinto do corpo, especial e sagrado, sendo então conhecido como Ori, moldado pelo distraído Ajalá.
No livro The History of the Yorubas, encontrei a seguinte definição de ori:
" Orí é a divindade universal cultuada como o deus do destino. Acredita-se que a boa ou má fortuna atinjam as pessoas de acordo com a vontade e detreminação deste deus e por esse motivo ele sempre é cultuado e consultado de modo que a boa sorte recaia sempre sobre seu devoto"
Em uma cerimonia de bori, nunca poderá faltar o obi, fruto sagrado, que terá como uma de suas funções no rito, constatar a aceitação de ori com o que estará sendo realizado.
A cabeça será então o foco principal desta cerimonia onde poderão ser ofertados a ori frutas, obi, orogbo, doces, comidas rituais próprias, água, flores, e também animais de pena, como a galinha d´angola e o pombo e outos itens mostrados através da consulta ao jogo de búzios.

Como dito inicialmente, apesar do bori não ser direcionado para o orixá, não se pode deixar de invocar Esú, sendo ele o primogênito da criação, Ogun, o dono da faca, Osalá e Yemanja os orixás da criação humana e Ossayn, o conhecedor do poder das folhas sagradas e ainda, a pessoa a qual irá se submeter a cerimonia, deverá passar pelos ebós então determinados.

Apenas um Babalorisá ou Yalorisá estão aptos a realizarem este ritual onde em algumas casas, consiste em apenas uma noite, estando a pessoa liberada no dia seguinte, sujeitando-se a resguardo pelo número de dias determinado. Em outras, varia até 3 dias.

O importante é que, durante o bori, você dedique seu pensamento para coisas positivas, de modo a visualizar realizações a seus objetivos e caminhos de fartura.
Aproveite a oportunidade para ouvir o que se chama "voz interior", que nada mais é do que Ori se comunicando.
Que seja de muita harmonia, paz, iluminação, saúde e prosperidade para você. E que seu Ori lhe traga coisas boas por bons caminhos!
Asé.

domingo, 7 de março de 2010

As nações do Candomblé

Uma nação de Candomblé identifica-se pela maneira como realiza seus rituais, pela linguagem, pelo conjunto de mitos os quais baseia-se seus ritos, pelo toque de seus atabaques, pelas cantigas, pelas cores usadas no vestuário de suas divindades, pelas folhas sagradas que usam em suas iniciações e magias, enfim, por um conjunto de práticas, símbolos e cultura herdados pelos antepassados oriundos de diversas regiões da África, o ventre do Candomblé!

Devido ao intercambio de seus conhecimentos, na própria África e mais tarde dentro dos navios negreiros, a cultura destes grupos e portanto, também seus cultos religiosos, chegavam ao Brasil já mais ou menos misturados, o que já desmistifica a idéia de pureza quanto esta ou aquela nação!

No Brasil, cada terreiro pertence a uma nação e em virtude das origens comuns e das associaçoes de grupos de origem semelhante que os cultos afro-brasileiros se aglutinaram em, basicamente, quatro ritos religiosos mais comuns: Keto, Angola, Djedje e Efon. Cada uma, como dito anteriormente com sua liturgia e costumes prórpios, embora em muitos casos, se aproximam.

No Candomblé com ritual Keto, veremos como divindades os orixás, devido a linguagem utilizada, proveniente dos negros Yorubanos.
Já o candomblé Angola é resultado da presença dos negros bantos da região do Congo-Angola cujo suas divindades cultuadas chamam-se Ynkises.
No Candomblé Djeje, seus deuses são os Voduns proveniente dos negros da África Ocidental.

Podemos observar que todas possuem em comum a crença e o respeito pelas forças da natureza, pois nelas se encontram a verdadeira essencia das divindades do panteão africano e para além de suas particularidades posso afirmar de uma só religião que todos praticamos, o Candomblé, uma forma brasileira de cultuar as divindades trazidas por nossos ancentrais africanos!!!

Candomblé: religião ou seita?

Bom, para responder a esta pergunta vamos as denominações?

1. Religião (do latim: "religio" usado na Vulgata, que significa "prestar culto a uma divindade", "ligar novamente", ou simplesmente "religar") pode ser definida como um conjunto de crenças relacionadas com aquilo que parte da humanidade considera como sobrenatural, divino, sagrado e transcendental, bem como o conjunto de rituais e códigos morais que derivam dessas crenças.

2. Seita designa um grupo de pessoas (um movimento) que professam nova ideologia divergente daquela da(s) religião(ões) que são consideradas dominantes e ou oficiais, geralmente dirigidos por líder com características de personalidade consideradas carismáticas, mas ainda com fraco ou pouco reconhecimento geral por parte da sociedade. Mas, já se viu, a questão do reconhecimento é tão-apenas relativa.

Portanto, penso que o Candomblé está muito além do conceito de religião, Candomblé é o nosso ponto de encontro com a África Ancestral e com toda nosa ancestralidade. É culto e respeito a natureza, harmonia com Osun, a força das águas, crença na força de Oyá presente dos ventos e Yemanjá presente dos mares.

E assim, através de muita luta e fé de nossos antigos, que muito sofreram para hoje nos deixar vivo o culto aos orixás, foi criado o CANDOMBLÉ.